O Museu Municipal de Esposende foi palco, na passada sexta-feira, da apresentação do livro "Glocalização e Ecologia Marítima no Contexto da Navegação e Comércio Romano da Fachada Atlântica do NW Peninsular", da autoria de Rui Morais. A obra oferece uma nova perspetiva sobre a interação entre o local e o global na navegação e comércio romano, com foco na ecologia marítima e o seu impacto na região noroeste da Península Ibérica.
A sessão contou com a presença do autor, Rui Morais, especialista em História e Ecologia Marítima, que destacou a relevância da obra para a região, afirmando que "vai compilando várias memórias da atividade marítima no noroeste peninsular, que abrangem uma área vasta, mas cujo coração está em Esposende".
O Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Guilherme Emílio, também presente, reforçou a importância da obra para o concelho, sublinhando que "é com grande orgulho que recebemos esta obra em Esposende, um trabalho que não só enriquece o nosso conhecimento sobre o passado romano, mas também destaca a importância de preservar o nosso património natural e histórico".
O evento contou ainda com a intervenção de Carlos Alberto Brochado de Almeida, arqueólogo e investigador, que ofereceu a sua perspetiva sobre o impacto da ecologia marítima na navegação romana. Brochado de Almeida apontou o livro como "ponto de partida para uma investigação profunda que permita perceber o quão importante era esta região, em termos de comércio, conforme comprova o navio quinhentista, descoberto em Belinho".
Sobre o autor e a obra
Rui Morais tem-se destacado no estudo da presença romana no Noroeste da Península Ibérica, com especial enfoque na navegação, comércio e interações ecológicas marítimas, durante o período romano. A obra aborda a importância da frente marítima oceânica do Noroeste Peninsular durante a ocupação romana, analisando como as alterações na linha costeira ao longo dos tempos influenciaram a navegação e o comércio na região.
O autor cruza diversas fontes, incluindo registos literários, epigráficos, arqueológicos e cartográficos, complementados por evidências geomorfológicas e sedimentológicas. Este método permite uma compreensão aprofundada das dinâmicas costeiras e das estratégias de controlo territorial implementadas pelos romanos.
Rui Morais explora ainda as transformações ecológicas da paisagem costeira resultantes da ocupação romana, como a desflorestação e a subsequente reflorestação com objetivos económicos, possivelmente ligados à construção naval. Um exemplo notável é a plantação de florestas de pinheiros na região costeira de Esposende, sugerindo uma relação direta com atividades de construção e reparação de embarcações.