lunes. 06.05.2024

Relações comerciais entre Portugal e Brasil têm "espaço para crescer"

«Este é um momento importante para relançar e fortalecer as relações económicas entre Portugal e o Brasil», afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa, durante o Fórum Empresarial Portugal-Brasil, que decorreu em Matosinhos e marcou o arranque do terceiro dia da visita oficial a Portugal do Presidente do Brasil, Lula da Silva, de que se destacou a XIII Cimeira entre os dois países.
Relações comerciais.
Relações comerciais.

«Este é um momento importante para relançar e fortalecer as relações económicas entre Portugal e o Brasil», afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa, durante o Fórum Empresarial Portugal-Brasil, que decorreu em Matosinhos e marcou o arranque do terceiro dia da visita oficial a Portugal do Presidente do Brasil, Lula da Silva, de que se destacou a XIII Cimeira entre os dois países.

«Estamos no CEiiA, um dos dez maiores centros de investigação e inovação de Portugal, mas sobretudo um dos grandes símbolos da extraordinária cooperação que já foi possível manter e que há que relançar entre Portugal e o Brasil», acrescentou.

António Costa referiu que o CEiiA foi uma peça central no maior projeto de inovação colaborativa e de engenharia desenvolvida entre Portugal e o Brasil, e que se traduziu no KC-390. «Vamos regressar a Lisboa no primeiro avião KC-390 que a Embraer já entregou à Força Aérea Portuguesa», afirmou.

O Primeiro-Ministro disse que «o KC-390 é só um exemplo do muito que podemos fazer em conjunto» e relembrou que irão testemunhar a assinatura de um novo protocolo para a adaptação de outra aeronave da Embraer aos padrões da NATO, com o projeto A-29 Super Tucano. «É uma nova porta que se abre para continuarmos esta cooperação», destacou.  

António Costa agradeceu às empresas portuguesas e brasileiras presentes no fórum a «vontade que manifestam de se encontrarem, conhecerem e desenvolverem projetos em conjunto».

No fórum foram assinados memorandos entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX) com o objetivo de fortalecer as relações económicas e empresariais e um protocolo entre o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação e a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil.

«Estes acordos assinados hoje traduzem do ponto de vista institucional, o enorme potencial que existe e a vontade efetiva das instituições de abrirem as portas para que as empresas façam o seu caminho», sublinhou o Primeiro-Ministro.

RELAÇÕES COMERCIAIS

O Primeiro-Ministro afirmou que as relações comerciais entre Portugal e o Brasil têm «espaço para crescer, por isso vale a pena investir e trabalhar neste sentido».  «A nível comercial tem havido algum crescimento, mas muito aquém daquilo que é o enorme potencial de crescimento que temos de um lado e do outro».

Lembrando que «o Brasil é um dos dez maiores investidores em Portugal e o segundo maior fora da União Europeia», referiu que, no entanto, Portugal é «somente o 18.º investidor no Brasil, posição que queremos melhorar».

António Costa disse que as empresas portuguesas têm estado presentes no setor da alimentação, da energia, na construção, dos transportes, financeiro, das tecnologias de informação e comunicação, do turismo e da saúde.

«A conclusão do acordo de comércio entre a União Europeia e Mercosul é absolutamente estratégica para podermos ter melhores oportunidades de aumentar as relações comerciais nos dois sentidos», sublinhou.

TRANSIÇÃO DIGITAL

O Primeiro-Ministro chamou a atenção das empresas portuguesas e brasileiras para «as novas oportunidades que contribuem para estreitarmos esta relação», uma das quais tem a ver com «as duas grandes transições que temos pela frente: a digital e energética».

No que diz respeito à transição digital, recordou que Portugal e o Brasil são os pontos de amarração do novo cabo de fibra ótica que liga toda a América Latina à Europa, parte de Fortaleza e chega a Sines. «Isto significa que a mais importante infraestrutura para a transmissão de dados de conhecimento em toda a América Latina e a Europa passa mesmo pelo Brasil e por Portugal. É a nova ponte física que existe de ligação entre os dois continentes através dos nossos países».

«Em Sines há muitas intenções de investimentos em data centers, em tudo o que tem a ver com tecnologia, com a ciência dos dados e esta é uma enorme oportunidade de um lado e do outro do Atlântico», disse.

António Costa apontou ainda o ecossistema de empreendedorismo. «O Brasil tem sido o terceiro país com maior participação na maior conferência de tecnologia digital do mundo, a Web Summit», que se realizou em Portugal nos últimos anos. «Este ano, pela primeira vez, vai realizar-se no Rio de Janeiro. Isto significa uma grande oportunidade para as empresas e start-ups portuguesas estreitarem relações com as suas parceiras brasileiras e lançarem novas áreas de negócio».

O Primeiro-Ministro destacou o regime português para acolher investimento e inovação. «Criámos uma rede importante - a Digital Innovation Labs - e zonas livres tecnológicas, onde é possível proceder à experimentação e ao lançamento de novos produtos e tecnologias.  Por outro lado, temos vindo a criar um quadro fiscal e de autorização de residência que fomenta o investimento e a inovação tecnológica».

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

No que diz respeito à transição energética, «Portugal tem estado desde há 15 anos na vanguarda». «58% da eletricidade que hoje consumimos tem origem nas energias renováveis e estamos a investir para que daqui a quatro anos, essa percentagem suba para os 80%», disse.

«Portugal vai investir 60 mil milhões de euros, 25% do nosso PIB, em projetos relacionados com a energia renovável: na energia solar, eólica offshore e no conjunto de produto que decorrem de conseguirmos ter em dois anos consecutivos o preço mais baixo de energia produzida com recurso ao solar em todo o mundo (o hidrogénio verde, a amónia verde, o aço verde e os combustíveis sustentáveis para a aviação. Estas são novas áreas de grande potencial de desenvolvimento», disse ainda.

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