A observação de aves (birdwatching) é o mais recente 'produto turístico' organizado do vale do Tua

Observação de aves PNRVT (5)
Este produto tem um grande interesse para um nicho de mercado que nos interessa, são pessoas com elevada capacidade financeira que não se importam de pagar o preço justo para consumir produtos de qualidade.

O Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT) já implementou as “condições de contexto”, como lhe chama o diretor do PNRVT, Artur Cascarejo, para que o território possa trabalhar o birdwatching, um produto turístico muito apreciado por alguns nichos de mercado, sobretudo nos mercados do Reino Unido, americano e no Norte da Europa.

“Este produto tem um grande interesse para um nicho de mercado que nos interessa, são pessoas com elevada capacidade financeira que não se importam de pagar o preço justo para consumir produtos de qualidade”, referiu num seminário de encerramento do Curso de Formação em Birdwatching, também aproveitado para o lançamento do Guia de Aves do Vale do Tua.

Ao longo dos últimos nove meses um grupo de 20 formandos, constituído por empresários do setor do turismo, técnicos de turismo dos municípios, ou simples curiosos e autodidatas, aprenderam a conhecer as aves que existem no território, a fazer anilhagem, construir abrigos, comedouros e bebedouros. Estão agora mais preparados para receber turistas e explorar este potencial do território. Paula Cristina Madureira, uma empresária que possui uma empresa de animação turística em Vila Flor, conta que está a estudar agora a criação de programas “de observação de aves”. “Eu conhecia os pardais, as cegonhas e pouco mais”, conta, acrescentando que agora já consegue identificar as aves que observa e muitas vezes distingui-las simplesmente pelo canto. Frederico Mendes da Silva, apaixonado pela fotografia de aves, fez o curso com o simples intuito de aumentar os conhecimentos e equaciona agora a possibilidade de “criar palcos” para que os apaixonados pelo Birdwatching possam fotografar. “Até no próprio quintal, onde já identifiquei 43 espécies das 160 referenciadas no PNRVT”, disse. Nelson Tito é técnico de Turismo no município de Carrazeda de Ansiães. Muitas vezes faz visitas com turistas ao património e sente que esta formação é um complemento muito importante: “Adquiri conhecimentos para poder responder a quem me pergunta e até sem ninguém me perguntar ir dizendo aos visitantes as aves que vamos encontrando”.

O Guia de Aves, produzido por Dinis Cortes, é um complemento fundamental que pode ajudar não só as empresas que vão trabalhar o produto, como os turistas que queiram realizar a experiência em autonomia.

TRÉS PERCURSOS ORINITOLÓGICOS DEFINIDOS

No total são 250 Km definidos e devidamente sinalizados que atravessam os cinco concelhos que integram o PNRVT (Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor), que podem ser feitos de automóvel, e ao longo dos quais estão definidos diversos pontos onde a probabilidade de observar aves é grande. Para além da sinalética, orientativa e informativa, com diversos painéis onde consta informação sobre as aves mais interessantes de cada habitat, foram criados observatórios em madeira, perfeitamente integrados na paisagem, que tornam a observação de aves mais discreta, confortável e segura.

Pelas suas características geográficas, o PNRVT é uma das zonas de maior interesse ornitológico do interior Norte do país, tendo o potencial de se tornar uma referência nesta atividade a nível nacional.

“Sentimos que estamos prontos agora para retirar partido deste recurso, temos os agentes locais capacitados e o território infraestruturado. Com efeito, se não houver empresas que desenvolvam os produtos não temos capacidade de retirar o devido proveito deste ou de outros projetos”, explicou Artur Cascarejo. Este projeto foi financiado pelo Programa Operacional Norte 2020, que não previa a componente da formação. Contudo o PNRVT, a expensas próprias, numa parceria com a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, promoveu a formação gratuita aos agentes locais, para os preparar para competir “na base do valor e não na base do volume”, rematou.