sábado. 05.10.2024

Porque nos tornamos míopes mais frequentemente? Quando nos devemos preocupar com a miopia? O que se pode fazer para o seu tratamento? Estas foram algumas das questões colocadas na sessão interativa “Causas, tratamentos e consequências da Miopia em crianças e adultos”, que a Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) promoveu na Biblioteca Geral do campus de Gualtar, em Braga, no âmbito da Semana de Consciencialização para a Miopia.

A iniciativa, que teve apoio da Rede Casas do Conhecimento, contou com José Gonzalez-Méijome, coordenador do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) e presidente da ECUM, de María Mechó García, estudante de doutoramento no âmbito da Rede Europeia OBERON, de Sara Leite, investigadora do CEORLab, e de Alexandre Monteiro, investigador de doutoramento no Laboratório da Ciência da Cor no Centro de Física da UMinho e representante da direção da Associação Profissional de Licenciados de Optometria (APLO).

A iniciativa permitiu sensibilizar a comunidade e dar a conhecer os tratamentos que permitem a correção da miopia, já que ainda não é possível a recuperação total. “Este problema é global e atinge cada vez mais pessoas, estima-se que, em 2050, mais de metade da população possa sofrer desta anomalia visual que impede de ter uma boa visão ao longe”, referiu José Gonzalez-Méijome.

Aumentar as atividades ao ar livre, diminuir o tempo de exposição a ecrãs, nomeadamente telemóveis e tablets, respeitar o número de horas de sono de acordo com a idade, fazer pausas frequentes durante o trabalho de leitura e com computadores, entre outros, e consultar regularmente um optometrista ou um oftalmologista são atitudes que podem contribuir para uma prevenção eficaz, deteção precoce e tratamento desta condição visual. “Antes de a miopia se manifestar, pode reduzir-se o risco do seu aparecimento”, avançou, acrescentando que “não vai ser possível que as crianças deixem de usar tablets e telemóveis, mas devem reduzir os tempos de utilização em benefício de outras atividades que sejam preventivas como as atividades ao ar livre”.

Mercado disponibiliza vários tratamentos

Já existem gotas oftalmológicas, que, no nosso país, só podem ser prescritas por médicos oftalmologistas e não por optometristas, bem como cirurgia laser e lentes intraoculares, oftálmicas e de contacto que travam a progressão da miopia. “O objetivo é que o olho não cresça. A miopia que nos preocupa mais relaciona-se com o crescimento excessivo do olho, que normalmente mede entre 23 e 24 milímetros e que na miopia pode alcançar valores de 26 a 30 milímetros ou mais”, relembraram os membros do painel.

Além da perda de visão ao longe, característica desta condição, é possível que as pessoas também se queixem da eventual diminuição da visão ao perto. “Quando a miopia é muito forte, as pessoas têm que se aproximar demasiado dos objetos e poderão considerar que, à distância normal a que gostariam de ler ou ver o computador, veem mal”, concluiu José Gonzalez-Méijome.

Identificado o problema, é importante que os pacientes optem por consultas regulares de optometria ou oftalmologia e sigam os tratamentos prescritos, para evitar outras patologias oculares. “Sem alarmismos, mas há patologias oculares associadas com maior probabilidade às pessoas que têm miopia. Podem vir a ter glaucoma, cataratas, descolamento de retina e maculopatia miópica com maior probabilidade”, referiram os oradores da sessão.

No mundo estima-se que 5000 milhões de pessoas sofram de perda de visão potencialmente evitável e de um risco aumentado de complicações que ameaçam a visão. A investigação mais recente em que a UMinho tem participado de forma ativa tem permitido conhecer melhor esta anomalia visual, compreender de que forma se pode reduzir a sua incidência nos jovens, como abrandar a sua progressão e como prevenir e detetar precocemente os seus efeitos adversos na idade adulta e senil. O representante da APLO confirmou que Portugal tem profissionais dos cuidados primários da visão perfeitamente capacitados para intervir eficazmente neste contexto e com a proximidade que a população necessita.

A Semana de Consciencialização para a Miopia decorre de 22 a 26 de maio, é uma iniciativa do Brien Holden Vision Institute (Austrália) e tem o apoio da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira. Além desta sessão, foram promovidas pela UMinho ações presenciais de esclarecimento para a comunidade, no campus de Azurém, em Guimarães (dia 24), e no de Gualtar (dia 25).

Escola de Ciências da UMinho alerta para causas e tratamentos da miopia
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