Um parecer técnico elaborado pelo Município de Arcos de Valdevez emitiu um alerta contundente sobre os significativos impactes ambientais e patrimoniais do projeto de parque eólico proposto pela Madoqua IPP, que abrange também o concelho de Monção.
O documento municipal considera que o projeto, na sua configuração atual, representa um "risco sério" para a biodiversidade, a paisagem e o turismo local. Nesse sentido, o parecer recomenda a reformulação total da proposta ou o seu indeferimento por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
O projeto em questão prevê a instalação de 32 aerogeradores e uma nova Linha de Muito Alta Tensão (LMAT), atravessando áreas de reconhecida sensibilidade ambiental e cultural. Entre estas, destacam-se a Reserva da Biosfera Gerês-Xurés, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Zona Especial de Conservação (ZEC) do rio Lima e a Paisagem Cultural de Sistelo, classificada como Monumento Nacional. O parecer técnico sublinha que a instalação das turbinas "comprometeria a integridade visual" do Sistelo, podendo inclusive afetar o seu estatuto de proteção.
Entre os principais impactes negativos identificados no parecer estão a fragmentação de habitats naturais, a perturbação de espécies protegidas como o lobo-ibérico e a águia-real, e potenciais conflitos com atividades económicas cruciais para a região, como o turismo de natureza e a agricultura tradicional. Os técnicos municipais apontam ainda para "falhas graves" na metodologia da proposta, nomeadamente a ausência de apresentação de alternativas de localização para o parque eólico e a carência de medidas eficazes de mitigação dos impactes previstos.
O relatório técnico do Município de Arcos de Valdevez conclui que o projeto, tal como apresentado, é "incompatível com os valores naturais e culturais da região". Face a esta avaliação, o município apela à APA para que recuse a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) caso não ocorra uma reformulação profunda da proposta.
